sábado, 28 de julho de 2007

o Ser que existe sem existir

Ó Allah, incerto, vacilante, sem rumo, inteiramente desorientado, não consigo provar a realidade do Teu ser. Profundas meditações, trabalhosas lucubrações, são simples devaneios, pesquisas no vácuo, em busca da Tua existência, que não consigo vislumbrar. Em sã consciência, não posso compreender de que modo Tu existes, embora muita gente consagre e descreva os mais fantasiosos predicados que Te resolveram emprestar. A conclusão de tudo isso é que ninguém Te poderá conhecer - com exceção de Ti mesmo. (uma das Rubaiatas de Omar Iben Ibrahin El-Khaiami - Omar Khayyám - traduzida por Chrisovam de Camargo)

A beleza desse texto, escrito pelo matemático e astronomo persa Omar El-Khaiam por volta de 1440 d.C. consiste em demonstrar a inexistência de um ser supremo. Ao mesmo tempo que ele nega de maneira lógica e racional, ele nos leva a perceber que algo existe, mas é muito particular e dotado de conhecimentos próprios, pois esse ser supremo e divino existe totalmente dentro de cada um de nós.
Porque tememos tanto a nossa condição de entidades "divinas"? Somos energia, únicos, individuais e eternos, que sofremos todo o processo de desgaste energético e de ciclos que a natureza sempre nos mostra. É hora de percebermos que somos muito mais do que essa tênue casca finita e temporal, somos atemporais.
Porque dividir tanto se o principio e a verdade é unica? Nos criamos a tudo por sermos alimentados por uma unica fonte de energia, e somente cada um poderá perceber Esse único.

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